"Valorizando pontos de vista diferentes"

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domingo, 26 de abril de 2015

DE ONDE VEM O IMPULSO DE "MARIA VAI COM AS OUTRAS"?


Sabemos que o homem primitivo ou o homem que vive neste século precisaram dos seus semelhantes para sobreviver. Antigamente não existiam as vantagens tecnológicas de que dispomos hoje, e mesmo assim, ainda precisamos de alguém. Por isso, vive-se hoje não necessariamente em bandos como os de outrora. Tudo porque a concepção de seguir o mais forte mudou no momento em que conseguir alimentos e moradia se tornaram mais facéis e acessíveis com tais inovações tecnológicas. Foi a partir desse momento que o homem modificou seus modos partidários de "seguir" o outro usando meios como as religiões, crenças naturais, concepções políticas, culturais, discursos filosóficos, humanísticos, e relativísticos.

O instinto de "andar em bando" ganhou um sentido mais característico com o passar dos anos, porque os motivos foram também mudando. Como o ser humano evoluiu nos aspectos mentais, geoespaciais e de convivência sem a necessidade de confrontos a vida em comunidade passou a ter uma finalidade. Daí em diante, a construção de ideologias que cada vez mais iriam se sedimentar na história, formataram concepções de reciprocidade entre povos inteiros. Para designar os novos grupos, línguas, dialetos, marcas, leis, simbologias ganharam um sentido metafórico para defender sua existência. Até aí tudo bem, times de futebol, bebidas famosas, lojas de renome também fizeram isso. A questão muda quando se perde o motivo original ou quando ele mesmo é distorcido por alguém.

Esses dias assisti um filme que me cativa pelo assunto: "a onda". Nesse filme, um professor remonta o cenário de um regime autocrático na sala de aula com fins a priori didáticos, por uma semana. Há uma adesão quase que coletiva dos alunos. Criam um nome para o novo grupo, uma roupa que os caracteriza, um gesto, um site, uma ligação tão forte que começam a se defender de seus "rivais"... os anarquistas. "A Onda" ganha repercussão na escola positivamente e negativamente, o que era de se esperar. Contudo, a união deles começava a perder o controle porque qual era o objetivo de fato? O professor mal sabia o que já ocorria entre o alunado/seguidores: pixações, brigas, festas. Perda quase que total da sua suposta autoridade. Até ser alertado e tentar dar cabo da situação, momento em que um dos integrantes surta com essa medida e se mata.

As pessoas são movidas pelos próprios sentimentos ou pelo dos outros, por isso atendem a demanda. Ou seja, não questionam, não discutem... aceitam. Em geral é assim que ocorre. Mas, melhor mesmo é quando se tem certeza pelo que se briga: corrupção, desvios de dinheiro público, má gestão administrativa, descaso com os menos favorecidos. São acontecimentos que poderiam ser distorcidos como no ínicio da Onda retratada no filme. O ser humano é um ser social. Não vive sozinho. Ter vínculos de proximidade garantem a ele uma vida sustentável. Bem... isso se tudo seguir o que o grupo achar correto. Para alguns desses grupos, não compactuar com as rodelas da bebedeira, da tatuagem, da vandalização, da oração é motivo sufiente para ser discriminado, banido ou mesmo agredido.

Ser criticado por ter uma posição desfavorável da maioria sempre é um pretexto para ser perseguido. Todos aqueles que ousaram fazer isso foram de alguma forma julgados em um regime político, militar, religioso ou social. Talvez o medo de se impor cause o temor daqueles que perfazem o todo. O problema é quando o todo se rebela. Em suma, cada indivíduo segue uma tribo com receio de ser rejeitado, menosprezado, se sentir fora da roda. Mesmo que não tenha um sentido especial para com ela, o sentimento de pertença toma conta da emoção. Os adolescentes dos últimos séculos saberiam dizer isso com muito mais clareza, já que se "rebelar" contra a instituição em vigor necessitava se tatuar, formar gangues, propor ideias radicais. O sentido negativo ou positivo de tudo isso, pode ser enxergado na falta de orientação de muitos que integram nosso meio social pelo simples "não saber porquê fazer isso ou aquilo".

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